Decisão do TJSP sobre dever de empresa de tecnologia fornecer dados de usuário que pirateou conteúdo de portal de informações Blog Ana Lucia Nicolau - Advogada Decisão do TJSP sobre dever de empresa de tecnologia fornecer dados de usuário que pirateou conteúdo de portal de informações

Últimos Posts

Decisão do TJSP sobre dever de empresa de tecnologia fornecer dados de usuário que pirateou conteúdo de portal de informações

Decisão do TJSP
Dever de empresa de tecnologia fornecer dados de usuário - Imagem criada pelo Bing




Sobre a Decisão

Interessante decisão, tomada pela 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, na apelação nº 1041801-09.2019.8.26.0002, mantendo decisão em 1º Grau, determinando que empresa de tecnologia forneça dados de usuário que reproduz, em tempo real e sem autorização, conteúdo de portal de informações.

O entendimento foi o de que, o Marco Civil da Internet traz tal possibilidade e que, o direito ao sigilo das comunicações não é absoluto, podendo ser relativizado em certas hipóteses, dentre elas em caso de ato ilícito.

A decisão foi divulgada no site do TJSP, em uma notícia com o título “Empresa de tecnologia deve fornecer dados de usuário que pirateou conteúdo”.

Situação Específica do Caso

No caso analisado, a autora da ação alega que, por conta da veiculação ilegal, o website em questão tem desviado parte dos acessos e causando perdas significativas nas receitas publicitárias, principal fonte de faturamento.

Após condenação em 1º Grau, a empresa de tecnologia entrou com recurso argumentando que em respeito à liberdade de expressão e proteção da privacidade, não poderia fornecer dados que permitissem identificar o causador do dano nem indisponibilizar definitivamente o site.

Considerações sobre o tema

A decisão proferida pela 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, no julgamento da apelação nº 1041801-09.2019.8.26.0002, representa um avanço significativo na proteção dos direitos autorais e na responsabilização de condutas ilícitas no ambiente digital.

Ao manter a sentença de primeiro grau e determinar que a empresa de tecnologia forneça os dados do usuário responsável pela reprodução não autorizada de conteúdo jornalístico em tempo real, o Tribunal reafirma que a internet não é um território à margem da lei. 

O entendimento de que o sigilo das comunicações, embora relevante, não é absoluto, podendo ser relativizado em casos de violação de direitos, está em perfeita consonância com o Marco Civil da Internet e com os princípios constitucionais da proporcionalidade e da legalidade.

Essa decisão é especialmente relevante diante do cenário atual, em que a monetização de conteúdo digital é essencial para a sustentabilidade de veículos de comunicação. 

A prática de retransmitir conteúdo protegido sem autorização, além de ferir direitos autorais, compromete a viabilidade econômica de portais legítimos, que dependem de audiência e publicidade para operar.

O posicionamento do TJSP demonstra sensibilidade ao equilíbrio entre liberdade de expressão e responsabilidade digital. Ao reconhecer que a proteção à privacidade não pode servir de escudo para práticas ilícitas, o Tribunal contribui para um ambiente virtual mais justo, transparente e seguro, onde os direitos de criadores e empresas são efetivamente resguardados.

Trata-se, portanto, de uma decisão que fortalece o Estado de Direito na era digital e sinaliza que a Justiça está atenta às novas formas de lesão patrimonial e moral que surgem com o avanço da tecnologia.

Objetivo das postagens desse blog

Esse blog nasceu com a missão de tornar o direito mais acessível e compreensível para todos.

Aqui, você encontrará informações jurídicas de interesse público explicadas de forma clara, objetiva e descomplicada, sem necessidade de conhecimentos técnicos prévios.

O compromisso é traduzir questões legais que impactam o cotidiano, sempre com base em fontes seguras e confiáveis. 

Cada publicação é pensada para oferecer explicações diretas e práticas, ajudando você a entender melhor seus direitos e deveres como cidadão.

Vale destacar que este conteúdo não substitui a assessoria jurídica profissional, mas serve como um recurso educativo para ampliar a compreensão sobre temas relevantes. 

Afinal, transparência e clareza são fundamentais para que a informação cumpra seu papel de orientar e conscientizar.

Clique aqui para ler outras postagens interessantes.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

ESTE BLOG ESTÁ PASSANDO POR UMA REFORMULAÇÃO VISUAL E TEXTUAL.