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Pagamento ao corretor. O que você precisa saber

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Remuneração do Corretor - Foto: Estoque PowerPoint

Remuneração do Corretor

O Código Civil, em sua abordagem detalhada e normativa, dedica os artigos 724 e 725 ao tema da remuneração do corretor, estabelecendo parâmetros que regulam esta atividade essencial no mercado. 

Esses dispositivos buscam garantir a clareza e a justiça nas transações mediadas por corretores, ao mesmo tempo que reconhecem a especificidade e a complexidade das práticas comerciais em diferentes contextos.

Artigo 724: A remuneração do corretor

O artigo 724 trata da forma como a remuneração do corretor deve ser determinada. 

Esse dispositivo legal estabelece que, na ausência de uma fixação em lei ou de um ajuste específico entre as partes, o valor devido ao corretor será arbitrado conforme a natureza do negócio e os usos locais. 

Em outras palavras, há uma abertura para que a remuneração seja definida com base nos costumes de mercado e na particularidade de cada transação.

Essa disposição reflete a flexibilidade necessária em um setor que opera em diferentes contextos e tipos de negócios, desde compra e venda de imóveis até mediação de contratos empresariais. Aqui, destacam-se dois elementos cruciais:

•Natureza do negócio: A remuneração deve considerar as características intrínsecas ao tipo de contrato ou transação. Por exemplo, negociações mais complexas podem demandar maior esforço por parte do corretor e, consequentemente, justificar uma remuneração mais elevada.

•Usos locais: As práticas comerciais em determinadas regiões ou setores podem influenciar o valor da remuneração. Isso reconhece a influência das tradições e do contexto regional na definição do pagamento.

Essa flexibilidade permite uma certa adaptabilidade, mas também requer cuidado para evitar abusos ou interpretações subjetivas que possam prejudicar uma das partes envolvidas na transação.

Artigo 725: A remuneração vinculada ao resultado

O artigo 725 complementa o anterior ao estabelecer que a remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha alcançado o resultado previsto no contrato de mediação. Esse princípio sublinha a importância do desempenho do corretor em cumprir os objetivos acordados. O artigo também prevê que a remuneração será garantida mesmo que o resultado não se efetive devido ao arrependimento das partes contratantes.

Este dispositivo traz à tona dois aspectos relevantes:

•Relação com o contrato de mediação: A remuneração está intrinsecamente ligada ao sucesso do corretor em atingir o objetivo previamente acordado no contrato. Assim, o corretor tem o direito de ser remunerado pelo trabalho realizado, desde que tenha cumprido com suas obrigações.

•Proteção contra arrependimento: O corretor tem direito à remuneração mesmo que as partes envolvidas desistam do acordo. Assim, o trabalho desempenhado não é desvalorizado por fatores externos que fogem ao controle do corretor.

Esse artigo garante uma segurança maior ao profissional, reconhecendo sua dedicação e os esforços empregados para obter o resultado almejado. Ao mesmo tempo, reforça a necessidade de que os contratos de mediação sejam claros e bem estruturados, contemplando todos os cenários possíveis.

O equilíbrio entre flexibilidade e proteção

Os artigos 724 e 725 do Código Civil demonstram a tentativa do legislador de equilibrar dois aspectos fundamentais: a flexibilidade necessária para adaptar a remuneração do corretor às particularidades de cada negócio e a proteção ao trabalho desenvolvido por este profissional.

Por um lado, o artigo 724 busca atender às especificidades de cada transação, permitindo ajustes conforme o mercado e as práticas regionais. 

Por outro lado, o artigo 725 garante que o corretor não seja prejudicado por eventos fora de seu controle, como o arrependimento das partes.

Impactos práticos e desafios

Na prática, a aplicação desses artigos pode gerar alguns desafios. Um deles é a determinação do que constitui "usos locais" e "natureza do negócio", que podem variar amplamente entre diferentes setores e regiões do Brasil.

A ausência de critérios objetivos pode levar a disputas judiciais, especialmente quando há discordância sobre o valor da remuneração.

Outro ponto crítico é o conceito de "resultado previsto no contrato de mediação". Para evitar ambiguidades, os contratos devem ser detalhados, indicando claramente os objetivos e as condições de sucesso. 

Um contrato mal formulado pode gerar interpretações conflitantes, dificultando a aplicação do artigo 725.

Considerações finais

Os artigos 724 e 725, do Código Civil, desempenham um papel central na regulamentação da atividade do corretor, oferecendo diretrizes para a definição da remuneração e proteção contra situações de arrependimento das partes contratantes.

Embora sejam dispositivos que promovem a flexibilidade e reconhecem a importância do trabalho do corretor, sua aplicação prática exige cuidados especiais na elaboração de contratos e na interpretação dos termos.

Esses artigos não apenas refletem a complexidade do mercado mediado por corretores, mas também ressaltam a necessidade de equilíbrio entre os interesses das partes envolvidas e a justa valorização do trabalho profissional. 

Em um contexto de constante evolução das práticas comerciais, o respeito às disposições do Código Civil é fundamental para garantir a transparência e a equidade nas transações mediadas.

Por fim, o objetivo dessa publicação é, exclusivamente, informar de forma clara e direta, o tema aqui colocado. 

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