Doação de todos os bens de uma pessoa - Decisão do STJ Blog Ana Lucia Nicolau - Advogada Doação de todos os bens de uma pessoa - Decisão do STJ

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Doação de todos os bens de uma pessoa - Decisão do STJ


Decisão do STJ
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Sobre o tema

Interessante a ordem contida no artigo 548, do Código Civil, sobre nulidade da doação de todos os bens de uma pessoa, da seguinte forma:

"É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador".

Assim, a lei garante a manutenção de um patrimônio mínimo à pessoa que faz a doação.

Decisão do STJ

No dia 26/11/15, o STJ publicou notícia com o título "É possível doação total dos bens quando o doador tiver fonte de renda periódica para sua subsistência". O número do processo não foi divulgado, pois, corre em segredo de justiça.

Sobre o caso julgado

Nesse sentido, essa notícia informa que, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por maioria de votos, que uma mulher que possuía rendimentos próprios, à época da separação, não conseguiu ver reconhecida a nulidade da renúncia a toda sua meação feita em favor do ex-marido. Isso é, do único bem imóvel do casal na partilha. Ou seja, a renda da mulher é lastro para manter patrimônio financeiro da doadora.

Sobre o entendimento do julgado

Nesse sentido, o entendimento foi o de que, esse artigo de lei impede que se reduza a situação financeira do doador à miserabilidade, preservando um mínimo existencial à dignidade humana de quem faz a doação.

No entanto, os votos, dos ministros que não concordaram com o entendimento majoritário, vão no sentido de que a conservação de bens ou renda suficiente para a subsistência do doador deve ter origem no próprio patrimônio dele ou em renda proveniente de ônus incidente sobre os bens doados (hipoteca ou penhor).

Considerações Finais

A norma prevista no artigo 548 do Código Civil desempenha um papel essencial na proteção da dignidade do doador, garantindo que ele não fique desprovido de meios para sua subsistência.

O princípio subjacente a essa disposição legal é a preservação do mínimo existencial, evitando que atos de liberalidade comprometam a segurança financeira da pessoa que realiza a doação. 

Esse entendimento reflete um equilíbrio necessário entre liberdade patrimonial e proteção social.

A decisão proferida pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 26/11/2015, que reconheceu a possibilidade da doação total dos bens quando o doador possui fonte de renda periódica para sua subsistência, reforça essa lógica jurídica.

No caso julgado, o Tribunal entendeu que uma mulher que possuía rendimentos próprios não poderia alegar a nulidade da renúncia à sua meação na partilha de bens, pois sua renda serviria de lastro para garantir sua manutenção financeira. 

Tal posicionamento ressalta que o espírito da norma não é impedir a liberdade de disposição dos bens, mas sim evitar que o doador se torne vulnerável financeiramente.

O julgamento demonstra a relevância desse dispositivo legal para a proteção dos direitos fundamentais, impedindo que a liberalidade excessiva comprometa o bem-estar da pessoa.

A interpretação do STJ contribui para a evolução do entendimento jurídico sobre doações patrimoniais, reafirmando que a autonomia do doador deve ser respeitada desde que haja garantia de sua subsistência.

Essa decisão reforça a importância de um sistema jurídico que se preocupa com a preservação da dignidade humana e com a segurança patrimonial dos cidadãos. 

O princípio da proporcionalidade foi aplicado de maneira sensata, assegurando que o doador mantenha condições adequadas de vida, sem impedir atos voluntários de disposição patrimonial. 

Dessa forma, a norma legal e sua interpretação pelo STJ consolidam um importante mecanismo de proteção social, alinhado aos valores de justiça e equidade que permeiam o direito civil brasileiro.

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